Entre mensagens sobre os perigos dos tempos atuais, apelos à memória coletiva e conquistas da revolução que precisam de novos impulsos no futuro, a sessão solene decorrida esta manhã nos Paços do Concelho homenageou os 50 anos do 25 de Abril de 1974.
O Presidente da Câmara Municipal destacou a importância do poder local depois de Abril: “O poder local é o poder democrático por excelência, aquele que está próximo dos cidadãos. Uma verdadeira conquista da Revolução”. Marco Martins referiu ainda que “é preciso refundar Abril para que possamos cumprir o futuro com que sonhamos coletivamente”.
Aníbal Lira falou num dia que “quebrou amarras… amarras da liberdade, amarras da guerra, da censura”, num país muito marcado pelas dores da guerra colonial e dos que foram obrigados a sair de Portugal.
Nas intervenções das bancadas dos partidos com representação na Assembleia Municipal, o deputado da Iniciativa Liberal, João Resende Figueiredo lembrou que “o medo começa a florescer novamente”, por falta de habitação, rendimentos e condições dignas de vida. O deputado afirmou que “onde antes tínhamos exilados políticos, agora temos exilados económicos”.
Ricardo Couto, pelo PAN, destacou o trabalho que ainda há para fazer na melhoria da democracia “tendo em conta que Portugal tem visto os índices de qualidade das suas instituições democráticas a caírem ao longo do tempo”.
O deputado do Chega, Nuno Martins, criticou a corrupção, que “mina a credibilidade das instituições e que necessita de ser travada”, destacando ainda o processo de descentralização que transforma as autarquias em “tarefeiras” do Estado central.
Paulo Gama, do CDS-PP, falou na necessidade de uma maior participação política, porque “Abril tem de significar informação, consciência, tolerância e democracia”, realçando ainda o esforço que os políticos devem fazer para combater a abstenção.
Sara Santos, do Bloco de Esquerda, centrou o discurso nas conquistas da Revolução e nas oportunidades que representaram, “sobretudo nos direitos das mulheres, segregadas pela ditadura”. A deputada destacou ainda a importância do poder local, que não era eleito no tempo do Estado Novo.
Do lado da CDU, Paulo Silva, destacou a importância das ações dos capitães de Abril e referiu que “agora, tal como há 50 anos, estaremos aqui para defender a democracia de todos aqueles que parecem querer ameaçá-la”.
Maribel Fernandes, do PSD, começou por referir que “celebramos abril porque temos consciência”. A deputada municipal, que destacou que um país sem memória é um país sem futuro, deixou a mensagem de que “verdadeira liberdade significa podermos ser melhores do que aquilo que somos”.
Em representação do PS, Humberto Cerqueira criticou o “cheiro bafiento daqueles que, com saudosismo, procuram destruir as conquistas iniciadas com Abril”. O deputado acrescentou que “há sempre alguém que resiste e que a liberdade é a vontade de um povo que jamais baixará os braços”.
A sessão iniciou-se com uma atuação da Banda Musical de Gondomar em frente aos Paços do Concelho. O hino nacional, tocado e cantado no início e no fim da cerimónia, deu o mote para o hastear das bandeiras.